segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Sanatório de Waverly Hills


O hoje desativado Sanatório de Waverly Hills inicialmente serviu de moradia para o Major Thomas H. Hays, que adquiriu o terreno localizado no Estado do Kentucky (EUA) em 1883. Necessitando de uma escola para suas filhas Hills mandou construir, em sua residência, um quarto com tal finalidade e contratou como professora Lizzie Lee Harris. Apaixonada por romances de Walter Scott, a professora batizou a “casa-escola” de Waverley School, e mais tarde o Major, simpatizando com o tranqüilo nome, deu o nome de Waverly Hill à propriedade.
Anos mais tarde uma epidemia de tuberculose passou a horrorizar o país e, por ser um local afastado da cidade, o local acabou sendo vendido para dar lugar a um hospital dedicado ao tratamento dos pacientes da terrível pestilência. Tornando-se, terrivelmente, bastante comum e considerada terminal e incurável, seu alto risco de contágio fazia com que os doentes fossem mantidos afastados do restante da população.
Na época os locais escolhidos para a construção dos sanatórios com tal finalidade eram montes rodeados de tranqüilas matas, de forma a auxiliar na recuperação dos pacientes através de uma atmosfera tranqüila e serena e o local da residência do Major Hills atendia plenamente a esses requisitos. O início da construção do Sanatório de Waverly Hills (então um edifício de apenas dois andares) se deu em 1908 e a inauguração ocorreu no dia 26 de julho de 1910, quando então era considerado um dos mais modernos e bem equipados no combate à tuberculose.

Apesar de ter sido construído para abrigar cinqüenta doentes, com o agravamento da epidemia, acabou ficando super lotado e o triplo de doentes acabavam sendo internados no local, fazendo com que ficasse super lotado. Conhece-se o sofrimento daqueles que padecem da doença, e em virtude dela estima-se que cerca de sessenta e três mil pessoas perderam a vida no sanatório, sendo que muitas vidas foram perdidas não somente devido à doença, mas também por causa do suicídio tanto de pacientes quanto de profissionais que ali atuavam. A “Peste Branca” crescia, e em virtude disso a capacidade do hospital foi aumentada para que pudessem ser tratadas cerca de quinhentas pessoas.

A ampliação se iniciou em março de 1924 e a reinauguração ocorreu no dia 17 de outubro de 1926, quando então o sanatório passou a oferecer, nos andares recém-construídos, amplas janelas para amenizar os sofrimentos causados pela doença.

Em virtude do alto risco de contágio, os profissionais que ali trabalhavam receberam residências nos fundos do terreno, de forma a se manterem o mais afastado quanto fosse possível da cidade, e ainda em 1926 um túnel foi construído para que eles chegassem até suas moradias, abrigados das intempéries. Porém, com o absurdo aumento da epidemia, a taxa de mortalidade chegou ao patamar de cerca de três pacientes ao dia, e o mesmo passou a ser utilizado para transportar os corpos para fora do sanatório. Uma forma de minimizar o contato com os que ainda sobreviviam e para que o mesmo ocorresse longe dos olhos dos familiares dos pacientes ali tratados e deles próprios.
Muito se especula acerca do que ocorria no local, mas a tuberculose muitas vezes causava insanidade mental e os pacientes vitimados por esse transtorno eram alojados no quinto andar do edifício, que possui duas alas e se localiza no centro do hospital. Diz-se, também, que inúmeras experiências não documentadas foram realizadas na vã tentativa de encontrar uma cura para a “peste branca” (até mesmo a aplicação de choques elétricos) e que, embora houvesse evidências comprovando o fato, elas nunca foram apuradas, provavelmente pelo descaso das autoridades.
Documentados, sabe-se que procedimentos como a toracoplastia (no qual algumas costelas são removidas para facilitar a expansão dos pulmões) e o pneumotórax (onde desinflam-se os pulmões) foram realizados nos internos, e como a demanda por anestésicos era elevada (até mesmo porque na época os mesmos não eram tão eficazes como hoje) é possível que muitos pacientes tenham passado por esses procedimentos sem o uso dos mesmos, estimando-se uma taxa de sobrevivência em cerca de 4% daqueles que foram submetidos à essas técnicas.
Com a descoberta da cura para a doença, em 1961, o sanatório acabou sendo desativado, para ser reaberto no ano seguinte com o nome de Woodhaven Medical Services, agora, um centro geriátrico. O mesmo funcionou até 1980, quando foi fechado pelo Estado devido à constatação de que eram praticados abusos contra os idosos, muitos deles com problemas mentais. Logo, o sanatório foi comprado com o objetivo de ser transformado em uma prisão, mas devido aos protestos dos moradores da região a idéia acabou não saindo do papel, sendo ele, então, em 2001, adquirido por Joe Mattingly, que passou a cobrar pela entrada ao local daqueles que almejam contato com fenômenos que, dizem, ocorrerem ali.
Histórias sinistras passaram então a surgir, relatadas pelos visitantes que diziam ver luzes nas janelas e ouvirem passos, murmúrios, prantos e portas batendo, misteriosamente em quartos vazios. Tais histórias atraíram a visita de diversos grupos que se dedicam ao estudo e à investigação de fenômenos paranormais, como o Louisville Hunter Ghost Institute, que visitou o local algumas vezes, e em todas elas puderam presenciar fatos inexplicáveis. E muitas lendas acerca de Waverly Hills fazem com que ele receba o título de “local mais assombrado das Américas”, fazendo do local objeto de curiosidade e medo.

Alguns depoimentos parecem tornar seu título merecido.

* Um vigia que trabalhou no local durante alguns meses disse que ao fazer rondas pelo asilo ele se sentia triste, com propensões de atirar-se por uma das grandes janelas e que somente pensamentos terríveis permeavam sua mente. Atormentado, demitiu-se e dentro de pouco tempo sua vida voltou ao normal.

* Uma enfermeira do asilo, presa em 1984 acusada de torturar pacientes, afirma que realizava tais práticas incitada por vozes que a ordenavam a fazê-lo.

* Uma das lendas afirma que em 1928 a enfermeira-chefe do quinto andar, Mary Hillenburg, foi encontrada morta na sala 502, enforcada em uma luminária, vítima de suicídio. Solteira e grávida, aos vinte e nove anos, pôs fim à própria vida, embora muitos acreditem que ela estaria esperando o filho de um médico do sanatório e que este a matou temendo que sua carreira fosse posta em risco.

* Já em 1932, uma enfermeira que também trabalhava na sala 502 se atirou de uma das janelas do quinto andar, desconhecendo-se o motivo.

* Há a lenda do garoto chamado Timmy, que aos dez anos faleceu vitimado pela doença, e que ainda hoje ele nutre seu gosto pelas brincadeiras com bolas dentro do complexo hospitalar.

* Diz-se ainda, que um vulto usando um jaleco branco, o espírito do médico cirurgião Joseph Cottons, perambula pelo quarto andar do sanatório, andar este onde se encontra a sala cirúrgica onde ele executava seus procedimentos médicos dolorosos e, até mesmo, suas experiências desumanas.

* Testemunhas relatam, inclusive, que sem explicação alguma, no corredor do refeitório, por vezes é possível sentir cheiro de panquecas e pão.



Sanatório de Waverly Hills na Actualidade


O sanatório até mesmo atraiu a atenção de uma produtora de cinema, e em 2005 foi lançado o filme “O Túnel da Morte”, filmado nas dependências do antigo complexo hospitalar, abordando em seu enredo algumas dessas lendas. Seriam as ocorrências no antigo sanatório realmente verídicas ou não passam de apenas mais uma entre tantas lendas urbanas?
Abaixo um pequeno vídeo sobre o sanatório em 1931.


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